Informações retiradas do livro Família Bilibio, de autoria própria de Felipe da Rosa Bilibio
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Ao contrário do que muitos pensam o sobrenome Bilibio não é espanhol e muito menos basco mas sim italiano. Essa confusão ocorre pelo fato da família italiana ter se estabelecido na Espanha na época da colonização romana em uma localidade com grande população basca!
Bilibio (em latim:
Bilabium) (em italiano: Bilibio) é um sobrenome italiano, de uma antiga e nobre
família patrícia romana. As pesquisas históricas indicam que a família surgiu
em Roma, em 450 a.C. Sabe-se atualmente que Pêtronio Bilibio (em latim:
Petronium Bilabium) foi o patriarca, o primeiro a utilizar o sobrenome, de
acordo com registros históricos realizados por Estrabão, Augusto e Marcial
acredita-se que Petrônio era influente no meio político e em decorrência desse
fato ficou conhecido na sociedade romana por seus discursos, tendo sido esse o
motivo por ter ganhado o apelido Bilabrum, que posteriormente deu origem ao
sobrenome. Inicialmente o sobrenome era grafado como Bilabrum,
posteriormente transformou-se em Bilabium, mais tarde como Bilibium e
finalmente cristalizou-se em Bilibio.
A origem etimológica do sobrenome vem do latim. Bilabium pode ser dissociado da seguinte forma; Bi, cujo significado é dois e Labium, cujo significado é lábios, deste modo podemos traduzir o sobrenome como dois lábios ou apenas boca. Interessante notar que a expressão bom de lábia e bilabial possuem a mesma origem.
Petrônio Bilibio era
casado com Váleria Fêronia Quinta Bilibio. sabe-se que tiveram oito filhos, um
deles se chamava Otávio Bilibio (em latim: Octavianus Bilabium). Otávio Bilibio
teve um filho chamado Públio Bilibio (em latim: Publium Octavianus Bilabium
Filius). Ocatavio casou-se com Vetulina, em Roma, e lá tiveram dois filhos;
Nemestrino e Cornélio Bilibio (em latim: Nemestrino e Cornélio Bilabium Publium
Filius).
Roma Imagem retirada em Pixabay |
Nemestrino e
Cornélio Bilibio migraram para a Espanha, para uma região conhecida como
Hispânia Citerior Tarraconensis. Importante salientar que durante esse período
o Império romano estava em plena expansão, conquistando diversos territórios.
Neste contexto Nemestrino e Cornélio Bilibio fundaram um assentamento romano
(itálico) conhecido como Aqcuae Bilbilitanorum ou Aqcuae Bilbilitanae assim
como as cidades de Bilbilis e Bilibio e lá se dedicaram a vinicultura, assim
como já faziam em Roma. Lembrando que a família Bilibio foi uma das primeiras
famílias de colonos italianos a se estabelecerem na região. Hoje parte destes
territórios correspondem as cidades de Haro, na província e comunidade autônoma
La Rioja, Calatyud, na província de Saragoça, na comunidade autônoma de Aragão
e Sória, na comunidade autônoma de Castela e Leão e da província
homônima.
Aqcuae
Bilbilitanorum significa água dos bilbilitanos, o termo latim Aqcuae foi usado
por tal localidade ser famoso por suas águas termais. A família italiana deixou
muitos rastros na Espanha, sobretudo na Rioja, onde existem umas falésias
denominadas Riscos de Bilibio, assim como o famoso eremita e santo espanhol
conhecido como San Felices de Bilibio.
Riscos de Bilibio, Haro, La Rioja, Espanha. Imagem retirada em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Conchas_de_Haro_desde_los_Riscos_de_Bilibio.jpg |
Ruínas do castelo Bilibio - Haro, La Rioja, Espanha. Imagem retirada em: https://es.wikipedia.org/wiki/Bilibio#/media/Archivo:Plaque_reminding_old_castle_of_Bilibio,_(Haro,_Rioja,_Es)_PB080023.jpg |
Sabe-se que durante
a colonização romana da península ibérica a família obteve grande
reconhecimento, possuiu relações politicas com o imperador Augusto (em latim:
Gaius Lulius Caesar Octavianus Augustus) e foi durante esse período que
Bílbilis itálica passou a ser denominada como Municipium Augusta
Bílbilis.
O assentamento da
família foi muito importante para o avanço do império romano na Península
Ibérica, a região antes da chegada dos colonos italianos possuía grande
população de celtas, iberos, bascos, lusões, berões entre outros póvos
pre-romanos.
A família retornou
gradativamente a Itália. Em 714 d.C ouve a invasão árabe-muçulmana da Península
Ibérica forçando a família a deixarem o castelo Bilibio (em latim: Castellum
Bilibium). Neste contexto a família se dirige a Repúblíca de Veneza, não se
sabe ao certo os motivos de terem escolhido o local, mas de acordo com
registros de feitos por Liberale Bilibio, em 1773, Orso Ipato, o terceiro duque
de Veneza fez um convite para a família se estabelecer na próspera Republica de
Veneza (em vêneto: Serenìssima Repùblica Vèneta) (em italiano: Serenissima
Repubblica di Venezia) no ano de 714 d.C. Orso Ipato Disponibilizou a família
Bilibio grandes lotes de terras na antiga Tarvisius (hoje Treviso), mais
precisamente em Cavasagra na região de Vedelago. Posteriormente outros membros
da família que haviam permanecido na Espanha retornam a Itália, sobretudo por
conta de disputas dos feudos com outras famílias nobres e também por
perseguição religiosa durante o julgamento das bruxas bascas. Sabe-se que a
família não possuía uma boa relação com muitos nobres espanhóis e bascos, que
os viam como estrangeiros, sobretudo as famílias Lara, Haro e Sanchéz, além da
disputa pelos feudos a igreja católica também estava interessa nas terras da
família, sobretudo onde viveu San Felices de Bilibio, por esse motivo a igreja
acusou a família de bruxaria, Afonso Bilibio López, filho de García Bilibio
Alonso e Maria López y Aznar foi um dos acusados por manter em sua casa Jimenez
Campos de Abreu, acusado de praticar judaísmo e a jovem Juana Arburu de
Barrenetxea Tamborindegui de praticar bruxaria. Acredita-se que as acusações
eram para incriminar a família e a igreja ficar com suas terras. Afonso Bilibio
fugiu para Fraça e posteriormente para a Itália.
A família Bilibio se
fixou na República de Veneza e lá prosperou muito, tendo recebido novamente o
título de patrício por Orso Ipato. Na República de Veneza a família manteve o
costume de trabalharem como vinicultores, além da política muitos membros da
família se dedicaram ao comercio e tornaram-se habéis comerciantes, como
Dômenico Bilibio, muito conhecido em Veneza.
Parte
da casa de onde a familia Bilibio partiu, Cavasagra, fração de Vedelago,
Treviso, na região do Vêneto, Itália. |
Posteriormente, por
conta da grande crise que desolava toda Península Italiana, sobretudo em
decorrência da unificação italiana e da revolução industrial a família Bilibio,
decidiu, assim como milhões de famílias italianas decidiram, partir para o Brasil. Em
16/08/1879 o primeiro filho de Giovanni Bilibio e Domenica Rosin Bilibio,
chamado Felice Bilibio, acompanhado de sua esposa Candida Pagnossin Bilibio e
também de oito de seus nove filhos, Domenica Bilibio, Eugenio Bilibio, Pietro
Bilibio, Catterina Bilibio, Aurelia Bilibio, Maria Luiggia Bilibio, Fiorina
Bilibio e Giuseppe Bilibio deixam a Itália rumo ao novo mundo, partem do porto
de Gênova, na Líguria, Itália e desembarcam no porto de Santos, São Paulo,
Brasil.
A família se dirigiu ao sul do Brasil,
se estabelecendo inicialmente na quarta colônia italiana, a primeira fora da
serra gaúcha, no atual município de Silveira Martins, Rio Grande do Sul.
Alguns anos depois outros filhos de
Giovanni tamém partem no navio de nome Pampa, seus nomes eram Catterino Bilibio
e Liberale Bilibio. Catterino veio acompanhado de sua esposa Grazia Caovila
Bilibio e de seus filhos Giovanna Bilibio, Angela Bilibio, Guglielmo Bilibio,
Giuseppe Antônio Bilibio e Albina Bilibio. Liberale veio acompanhado de sua
esposa Filomena Cecchin Bilibio e seus filhos Clementina Bilibio, Giovanni
Bilibio, Ernesto Bilibio, Amabile Bilibio e Eugenia Bilibio. Desembarcaram no
Morro da Saudade, Rio de Janeiro em 25 de outubro de 1879, posteriormente
também se dirigiram a quarta colônia.
Em 1891, Candido Bilibio, filho de
Felice, também partiu, este ultimo no navio de nome America. Cujo registro
consta no Museu da Imigração do Estado de São Paulo, no livro 028, na pagina
078, cujo numero da família é 01477.
Cândido Bilibio chegou a possuir um
lote de terra em Piúma, no Espirito Santo, mas o mesmo vendeu sua propriedade e
migrou para o sul. Dos cinco filhos de Giovani e Domenica dois permaneceram na
Itália, em Vedelago, seus nomes eram Giacomo Bilibio e Luigi Bilibio.
A viagem da Itália ao Brasil levou 37
longos dias, a família foi acomodada na segunda classe, ou seja, a pesar da
família estar passando por muitas dificuldades, possuíam uma boa condição
financeira pois migrar da Itália para o Brasil não era barato, ainda mais de
segunda classe
Posteriormente outros membros também
partem de Cavasagra, do porto de Gênova, no navio de nome Pampa, e desembarcam
no Rio de Janeiro, o seu destino final também foi o Sul do Brasil, a colônia de
Silveira Martins.
Os motivos para migração foram muitos, neste período a italia passava por uma grande crise politica, econômica e social, não havia trabalho e a comida e a pobreza se estendia do norte ao sul da pesninula italiana. Assim como muitas famílias a condição para a partida foi em extremadegradação. Apesar da triste partida por deixarem muitos membros da família para trás, seus amigos, terras e toda uma vida, tiveram a coragem de partir para outro continente, onde não se falava italiano e se tinham outros hábitos, em um ato heroico deixaram a Itália rumo ao Brasil em busca de uma nova vida, de uma nova oportunidade.
Apesar da família ter como destino a
quarta colônia de migração italiana, na cidade de Silveira Martins, foi no
interior de Marau, em uma localidade denominada Cestiada, que a família se
fixou por longo período de tempo, o segundo maior lote de terra pertenceu a
família.
Antes de Felice Bilibio adoecer ocorreu
um desentendimento famíliar muito grande em relação as divisões de um grande
lote de terra e também por conta de uma quantidade de ouro que a família trouxe
da itália, o resultado dessa disputa foi uma briga muito grande que resultou na
migração de dois filhos de Felice para a Argentina, mais precisamente para a
província de Corrientes, em 1918.
Após a morte de Felice, seus irmãos
Catterino e Liberale juntamente com os filhos que permaneceram no Brasil
decidiram vender as propriedades e após isso a família se espalhou
principalmente na região Sul, sobretudo para as cidades de Cruz Alta, Passo
Fundo, Caxias do Sul, Pejuçara, Santa Maria, Frederico Westphalen, Ijuí,
Círiaco, Nonoai, Vêreanopolis, Viadutos, Mato Castelhano e Dionisio
Cerqueira.
Em 1930 Pietro Bilibio começou se
comunicar por cartas com a família na Itália. Os filhos de Felice que migraram
para a Argentina voltaram a se comunicar com a família após 20 anos, onde
trocaram algumas cartas com alguns familiares estabelecidos em Passo
Fundo.
Pietro Bilibio, um dos filhos de Felice, foi um dos fundadores do bairro São Cristóvão, o maior de Passo Fundo. Os filhos de Pietro Bilibio e Carolina Cassini Bilibio cujos nomes são Olímpia, Dozalina, Rica, Angela, Terezinha, Maria, Ida, Adelaide, Marcelino, José juntamente com seu filho Demétrio e Cândido Bilibio, esse ultimo acompanhado de sua esposa Carmela Faoro Bilibio e seus filhos Odolir, Jatir, Valdomiro e Hilário Bilibio ajudaram a desenvolver o bairro São Cristóvão, o maior bairro de Passo Fundo. Oi
Na cidade de Cruz Alta Fausto Bilibio,
com sua esposa Adélia Macagnan Bilibio e seus filhos Ricardo, Honorato,
Guilherme, Fiorindo e Dinílio Bilibio fundaram a empresa de nome Irmãos
Bilibio, inicialmente vendiam produtos variados e em 1960 se dedicaram ao
comércio de bebidas.
O comercio foi muito importante para o
desenvolvimento da região, tendo em vista que diversos produtos alcolicos
procedentes do norte e nordeste do Brasil chegaram a Cruz Alta através do
comercio da família. Fausto Bilibio também contribuiu na construção de uma
igreja em Santa Lucia do Piaí em Caxias do Sul, já que a mesma foi construída
em um lote de terra que ele havia doado para sua contrução.
Na cidade de Arroio Grande a família
Bilibio construiu um importante moinho para a moagem de cereais cujo mesmo leva
o sobrenome da família.
A maior parte da família dedicou-se a
gricultura, ao menos as primeiras gerações após a migração, assim como a
maioria dos imigrantes italianos, todavia alguns optaram por uma atividade
comercial, assim como Fausto Bilibio, Atílio Sassa Bilibio, nascido em Nova
Bassano, dedicou-se ao comercio, fundando uma serralheria, que posteriormente
tansformou-se em uma metalúrgica, a Medabil, tornando-se o maior empresário do
ramo na região sul e um dos maiores do Brasil, o mesmo também escreveu um livro
sobre liderança empresarial, cujo titulo é Como começar uma industria com pouco
dinheiro e muita paixão, Attílio Bilibio veio a falecer em decorrência de um
trágico acidente aereo, onde o vôo 3054 da Tam bateu à noite contra um prédio
da própria companhia aérea e explodiu, após a tentativa de pouso na pista
principal do Aeroporto de Congonhas em 2007.
Alguns membros da família, dedicaram-se
a politica, como por exemplo; Cesar Raimundo Bilibio, candidato a vice prefeito
de Passo Fundo, Horalino Bilibio vereador de Cascavél PR, Itamar Bilibio,
prefeito de Laguna Carapã MS, Gustavo Jung Bilibio, vereador de Cruz Alta RS.
Em 1927 Erminio Bilibio, Luigi Bilibio
e Raimundo Bilibio partem da Itália para a Argentina, com as respectivas idades
de 18, 18 e 17 anos. Ambos partem do porto de Gênova e se estabelecem na cidade
de Buenos Aires, nas respectivas datas de 02/10/1927, 09/01/1927 e 09/10/1927.
Erminio partiu na embarcação de nome Plata, Luigi partiu na embarcação de nome
Nazario Sauro e Raimundo partiu na embarcação de nome Florida.
Também temos informações de que um
membro da família migrou para o Peru, chamava-se Eugenio Bilibio, filho de
Angelo Bilibio e Giovanna Venturin, não temos certeza quanto a data e onde se
estabeleceu, no entanto, sabe-se que partiu acompanhado de sua esposa Maria
Filippin juntamente de seus filhos Romulo, Remo, Erminia, Erminio, Noé,
Fiorindo e Fortunato.
Na Argentina um conhecido membro da família é José Andrés Bilibio Estigarribia, descendente de italianos por parte de pai, pelo sobrenome Bilibio, e de bascos por parte de mãe, pelo sobrenome Estigarribia, lembrando que nos países de língua espanhola a ordem de sobrenomes é inversa da ordem portuguesa e brasileira. José Andrés Bilibio nasceu em 1975, na provicina de Corrientes, naturalizou-se armênio, começou sua carreira no clube argentino Deportivo Armenio e fez sucesso no Ararat Yerevan, onde disputou uma eliminatória para a Eurocopa 2004.
Por conta da grande notoriedade que a
família possui, principalmente determinados mebros, podemos encontrar diversas
ruas com nomes de membros ilustres da família, sobretudo na região sul do
Brasil, tais como as ruas Attilio Bilibio, em Porto Alegre, Vereador Horalino
Bilibio, em Cascavel, Guilherme Bilibio, Olavo Bilibio, Fausto Bilibio, todas em
Cruz Alta, José Bilibio, em Passo Fundo, Geraldo Vieira Bilibio, em Dionisio
Cerqueira e as ruas A (VI) Bilibio, B (VI) Bilibio, C (VI) Bilibio, Km 3, em
Santa Maria.
Algumas fotos antigas da família
Catterino Bilibio e Graciosa Caovilla Bilibio e família. Brasil, Rio Grande do Sul, 1895 |
Família de Germano Bilibio e Albina Valcanova Bilibio. 1930 Rio Grande do Sul, Brasil. |
Família de Fausto Bilibio e Adélia Macagnan Bilibio. 1930 Rio Grande do Sul, Brasil. |
Felice Bilibio e dois de seus nove filhos. Brasil, Rio Grande do Sul. 1880 |